quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

O Amor...

... não conhece nem o tempo, nem o espaço
não tem nem definição nem motivo
não se reconhece em conceitos
tão pouco em pré-conceitos
muito menos em preconceitos
não fere nada nem ninguém
não tira ou rouba nada de ninguém
não se manifesta de nenhuma forma específica
nem segue nenhuma linha ou orientação
conhecida nem desconhecida
é simples
é puro
sabe exactamente onde se colocar
como se mostrar
em que olhos ou gota de orvalho brilhar
é simples
é puro
é desprovido de barreiras ou defesas
não usa escudos ou espadas
capacetes ou armaduras
expõe-se naturalmente ao escárnio e ao maldizer
sujeita-se a ser devorado e cuspido com a mesma brutalidade
e mantém-se intacto como que num sorriso de paz profundamente imutável
mas pode ser sentido
na mais pura das essências
 ou na mais refinada fusão de sabores
na mais delicada das sedas
na mais perfeita das melodias
ou na mais perfeita das flores.
Assim ele se oferece a quem o quiser assimilar.

Tudo é Perfeito

Porque tudo é como tem de ser, tudo surge como tem de surgir. Tudo é perfeitamente perfeito: o que acontece, o que surge, exteriormente, interiormente, a reação ao que acontece, ao que surge, o pensamento incessante e tantas vezes incontrolável, a emoção que surge de tudo isso, é perfeito e "não há nada a rejeitar". Apenas há a aceitar, descontraidamente, procurando a cada instante a distância presente que liberta.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Lagarto de lérias e curvas

É que não há muito que dizer ou fazer
Quando apenas assumes que quem manda é o comando
Dessa tua inércia rebelde que usas na pele de lagarto que és
Larga essa mania de criar histórias de lérias,
Contos com pontos a mais
E vírgulas nessas curvas que dás
Quando te esquivas demais
Do que não consegues agarrar.

Morde-me a língua do pensamento

Este aperto na garganta que prende as palavras
E palavras para nada, só mais do já foi!
Se se extinguisse a chama desta vida agora
Nada mudaria, tudo permaneceria por compreender
E isso vai acontecer é certo
Pfffffff
Fim
Oh please morde-me a língua do pensamento
que se estende em mil maneiras de se expor
Cala-te de uma vez por todas ou pelo menos
até que te tornes novamente suportável,
porque agora não passas na tolerância
de nenhum dos meus sentidos
Cala-te!
Pffffffff
Extingue-te sem deixar nem poeira por favor!
Livra-me do peso da tua sofisticada presença luminosa
incandescente que me impede de ver além de ti.
Maldita mania a tua de te exibires tão brilhante,
como se o universo de repente se resumisse à pinga que és!
Desaparece, esvai-te de uma vez por todas desta vez
que não te suporto mais!
Não tens mais o direito de caber em mim
Pffffffff
Fim!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Contos do Jardim Silvestre

"Quanto tempo mais vais tomar ao tempo da tua vida para compreender que não podes perder mais tempo? - disse a flor impaciente à pétala tresmalhada da sua corola.
A pétala encolheu-se confusa, não que não tivesse compreendido a questão, mas continuava a ter a sensação que o mundo lhe entrava na mente sem pedir licença e saía na mesma atitude indiferente, sem que se desse conta. Sabia que estava em si a capacidade de controlar tal tráfego, mas os seus olhos esbugalhados praticamente nunca se fechavam, virando-se para todas as direcções que momentaneamente emitissem brilho e isto ela ainda não conseguia controlar.
"Mãe flor, mãe flor... pousa a tua paz no meu peito até que o meu coração respire serenamente. Mantém-te junto a mim até que eu seja realmente capaz de te seguir sozinha." - pedia secretamente a pétala, todas as noites antes de se render ao sono..."

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Maravilhosa Claridade

Todos estes véus que diante de nós bailam
Num incessante vento de confusão,
Turvando-nos a visão
Obscurecendo o caminho.
Sentimentos cortantes
Emoções doentes
Lágrimas que engasgam
E o grito que se ouve por fim...

Então fechemos os olhos
Deixemo-nos levar pela leve e doce voz
Sigamos sem questionar demasiado
Ao sabor da brisa fresca
Como se todo e qualquer momento fosse como a manhã
Todo o instante um recomeço
Uma nova oportunidade
A bênção de poder repetir uma e outra vez
Todos os dias
Por cem anos
Por mil anos
Até que todos os véus desapareçam
Até que tudo seja translúcido
Até que seja Perfeito!

domingo, 27 de setembro de 2009

Capacidades Ilimitadas...

Todas estas desmesuradas emoções
Transformadas numa necessidade tão vital quanto o oxigénio.
Terríveis venenos que tantas vezes me cegam
E me afastam da razão e do evidente
Colocando o ego (ou lá o que for) à frente do próprio Amor Puro
Que existe em mim
Que é maior que eu
Que é maior que o céu.
O medo que a ilusão desapareça
Que tudo se transforme em nada
Quando no fundo tudo é nada
Tudo é vazio, tudo está vazio
E do vazio tudo surge.
Afastem-se ó horríveis demónios que me aprisionam o espírito,
Impedindo-o de saborear inteiramente o que maravilhosamente faz feliz.